sexta-feira, 30 de setembro de 2011


ORAÇÃO A NOSSA SENHORA DAS LÁGRIMAS

Publicado por danilo em 15 de setembro de 2011 em OraçõesTestemunhos • 43 comentários

Oh! Mãe de Jesus e Mãe nossa cheia de piedade, quantas lágrimas derramaste no curso de tua vida.
Vós que sois Mãe, compreendes perfeitamente a angústia de meu Coração que ainda se sente indigno de tua misericórdia, me impele a recorrer a teu Coração de Mãe com confiança de Filho.
Vosso Coração sempre rico em misericórdia nos foi aberto como uma nova fonte de graças nestes tempos de tantas misérias.
Do profundo de minha baixeza elevo a ti minha voz,
Oh! Mãe bondosa, a ti recorro, Mãe cheia de piedade, e imploro o bálsamo consolador de tuas lágrimas e de tuas graças sobre meu Coração acabrunhado pela dor.
Vosso pranto materno me dá a esperança de que me hás de escutar benignamente.
Oh! Coração de Maria, obtende-me de Jesus aquela fortaleza com que suportaste as grandes penas de vossa vida a fim de que cumpra sempre, com resignação cristã e ainda que em meio a dor, a vontade divina.
Obtende-me, Oh! doce Mãe, que cresça minha esperança, e se é conforme a vontade divina, obtende-me também, por tuas lágrimas imaculadas, a graça que com tanta fé e viva esperança te peço agora….
Oh! Virgem das Lágrimas, vida, doçura e esperança minha, em ti ponho hoje e para sempre toda minha confiança.
Coração Imaculado e dolorido de Maria, tem compaixão de mim

Fonte www.oarcanjo.net 

quarta-feira, 28 de setembro de 2011


OPERAÇÕES E FUNÇÕES DAS PESSOAS DA TRINDADEPDFImprimirE-mail
As três pessoas da Santíssima Trindade estabelecem uma comunhão e união perfeita, formando um só Deus, e constituem um perfeito modelo transcendente para as relações interpessoais. Elas possuem a mesma natureza divina, a mesma grandeza, sabedoria, poder, bondade e santidade, mas, em algumas vezes, certas actividades são mais reconhecidas em uma pessoa do que em outra. As funções, as suas principais actividades desempenhadas e o seu modo de operar está registado nas Sagradas Escrituras e claramente resumido no Credo Niceno-Constantinopolitano, o credo oficial de muitas denominações cristãs.

Pai – Não foi criado nem gerado. É o "princípio e o fim, princípio sem princípio" da vida e está em absoluta comunhão com o Filho e com o Espírito Santo. Foi o Pai que enviou o seu Filho, Jesus Cristo, para salvar-nos da morte espiritual, pelo sacrifício vicário. Isto revela o amor infinito de Deus sobre os homens e o não-abandono aos seus filhos adoptivos. O Pai, a primeira pessoa da Trindade, é considerado como o pai eterno e perfeito. É atribuído a esta pessoa divina a criação do mundo. 

Filho – Eterno como o pai e consubstancial (pertencente à mesma natureza e substância) a Ele. Não foi criado pelo Pai, mas gerado na eternidadade da substância do Pai. Encarnou-se em Jesus de Nazaré, assumindo assim a natureza humana. O Filho, a segunda pessoa da Trindade, é considerado como o Filho Eterno (Filho sob a ótica humana no sentido de que se tornando homem, deixou sua divindade, tornando-se totalmente dependente de Deus), com todas as perfeições divinas: a Ele é atribuída a redenção (salvação) do mundo. 

Espírito Santo – Não foi criado nem gerado. Esta pessoa divina personaliza o Amor íntimo e infinito de Deus sobre os homens, segundo a reflexão de Agostinho. Manifestou-se primeiramente no Batismo e na Transfiguração de Jesus e plenamente revelado no dia de Pentecostes. Habita nos corações dos fiéis e estabelece entre estes e Jesus uma comunhão íntima, tornando-os unidos num só Corpo. O Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, é considerado como o puro nexo de amor. Atribui-se a esta pessoa divina a santificação da Igreja e do mundo com os seus dons

A REVELAÇÃO DE DEUS COMO TRINDADE - O PAI REVELADO PELO FILHOPDFImprimirE-mail

O Pai revelado pelo Filho

A invocação de Deus como "Pai" é conhecida em muitas religiões. A divindade é muitas vezes considerada como "pai dos deuses e dos homens". Em Israel, Deus é chamado de Pai enquanto Criador do mundo (Cf. Dt 32,6; Ml 2,10). Deu é Pai, mais ainda, em razão da Aliança e do dom da Lei a Israel, seu "filho primogênito" (Ex 4,22). É também chamado de Pai do rei de Israel (cf. 2 S 7,14). Muito particularmente ele é "o Pai dos pobres", do órfão e da viúva, que estão sob sua proteção de amor (cf. Sal 68,6).

O designar a Deus com o nome de “Pai", a linguagem da fé indica principalmente dois aspectos: que Deus é origem primeira de tudo e autoridade transcendente, e que ao mesmo tempo é bondade e solicitude de amor para todos os seus filhos. Esta ternura paterna de Deus pode também ser expressa pela imagem da maternidade (cf. Is 66,13; Sl 131,2) que indica mais a imanência de Deus, a intimidade entre Deus e a sua criatura. A linguagem da fé inspira-se assim na experiência humana dos pais (genitores), que são de certo modo os primeiros representantes de Deus para o homem.

Mas esta experiência humana ensina também que os pais humanos são falíveis e que podem desfigurar o rosto da paternidade e da maternidade. Convém então lembrar que Deus transcende a distinção humana dos sexos. Ele não é nem homem nem mulher, é Deus. Transcende também à paternidade e à maternidade humana (cf. Sl 27,10), embora seja a sua origem e a medida (cf. Ef 3,14; Is 49,15): Ninguém é pai como Deus o é.

Jesus revelou que Deus é "Pai" num sentido inaudito: não o é somente enquanto Criador, mas é eternamente Pai em relação a seu Filho único, que reciprocamente só é Filho em relação a seu pai “Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar" (Mt 11,27).

É por isso que os apóstolos confessam Jesus como "o Verbo” que “ no início estava junto de Deus” e que “é Deus" (Jo 1,1), como "a imagem do Deus invisível" (Cl 1,15), como "o resplendor de sua glória e a expressão do seu ser" Hb 1,3).

Na esteira deles, seguindo a Tradição apostólica, a Igreja, no ano de 325, no primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, confessou que o Filho é "consubstancial" ao Pai, isto é, um só Deus com Ele. O segundo Concílio Ecumênico, reunido em Constantinopla em 381, conservou esta expressão na sua formulação do Credo de Nicéia e confessou "o Filho Único de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial ao Pai" (DS 150)

AS OBRAS DIVINAS E AS MISSÕES TRINITÁRIASPDFImprimirE-mail

"O lux beata Trinitas et principalis Unitas!" ("Ó luz, Trindade bendita. Ó primordial Unidade!") (LH, hino de vésperas) Deus é beatitude eterna, vida imortal, luz sem ocaso. Deus é amor: Pai, Filho e Espírito Santo. Livremente Deus quer comunicar a glória da sua vida bem-aventurada. Este é o "desígnio” de benevolência (Ef 1,9) que ele concebeu desde antes da criação do mundo no seu Filho bem-amado, "predestinando-nos à adoção filial neste" (Ef 1,4-5), isto é, "a reproduzir a imagem de seu Filho" (Rm 8,29) graças ao "Espírito de adoção filial" (Rm 8,15). Esta decisão prévia é uma "graça concedida antes de todos os séculos" (2 Tm 1,9-10), proveniente diretamente do amor trinitário. 

Ele se desdobra na obra da criação, em toda a história da salvação após a queda, nas missões do Filho e do Espírito, prolongadas pela missão da Igreja (cf. AG 2-9).

Toda a economia divina é a obra comum das três pessoas divinas. Pois da mesma forma que a Trindade não tem senão uma única e mesma natureza, assim também não tem senão uma única e mesma operação (cf. Cc. de Constantinopla, ano 553: DS 421). "O Pai, o Filho e o Espírito Santo não são três princípios das criaturas, mas um só princípio" (Cc. de Florença, ano 1442: DS 1331). Contudo, cada pessoa divina opera a obra comum segundo a sua propriedade pessoal.

Assim a Igreja confessa, na linha do Novo Testamento (cf. 1 Co 8,6): "Um Deus e Pai do qual são todas as coisas, um Senhor Jesus Cristo para quem são todas as coisas, um Espírito Santo em quem são todas as coisas (Cc. de Constantinopla II: DS 421). São, sobretudo as missões divinas da Encarnação do Filho e do dom do Espírito Santo que manifestam as propriedades das pessoas divinas.
Obra ao mesmo tempo comum e pessoal, toda a Economia divina dá a conhecer tanto a propriedade das pessoas divinas como a sua única natureza. Outrossim, toda a vida cristã é comunhão com cada uma das pessoas divinas, sem de modo algum separá-las. Quem rende glória ao Pai o faz pelo Filho no Espírito Santo; quem segue a Cristo, o faz porque o Pai o atrai (cf. Jo 6,44) e o Espírito o impulsiona (cf. Rm 8,14).
O fim último de toda a Economia divina é a entrada das criaturas na unidade perfeita da Santíssima Trindade (cf. Jo 17,21-23). Mas desde já somos chamados a ser habitados pela Santíssima Trindade: "Se alguém me ama –diz o Senhor- guardará a minha Palavra, e meu Pai o amará e viremos a ele, e faremos nele a nossa morada" (Jo 14,23).
Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente para firmar-me em Vós, imóvel e pacífico, como se a minha alma já estivesse na eternidade: que nada consiga perturbar a minha paz nem fazer-me sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada minuto me leve mais longe na profundidade do vosso Mistério. Pacificai a minha alma. Fazei dela o vosso céu, vossa amada morada e o lugar do vosso repouso. Que nela eu nunca vos deixe só, mas que eu esteja aí, toda inteira, completamente vigilante na minha fé, toda adorante, toda entregue à vossa ação criadora (Oração da Beata Isabel da Trindade).

A SANTÍSSIMA TRINDADE NA DOUTRINA DA FÉ - A FORMAÇÃO DO DOGMA TRINITÁRIOPDFImprimirE-mail

A verdade revelada da Santíssima Trindade esteve desde as origens na raiz da fé vida da Igreja, principalmente através do Batismo. Ela encontra a sua expressão na regra da fé batismal, formulada na pregação, na catequese e na oração da Igreja. Tais formulações encontram-se já nos escritos apostólicos, como na seguinte saudação, retomada na liturgia eucarística: "A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós" (2 Co 13,13; cf. 1 Cor 12,4-6; Ef 4,4-6).

No decurso dos primeiros séculos, a Igreja procurou formular mais explicitamente a sua fé trinitária, tanto para aprofundar a sua própria compreensão da fé, quanto para defendê-la contra erros que a estavam deformando. Isso foi obra dos Concílios antigos, ajudados pelo trabalho teológico dos Padres da Igreja e apoiados pelo senso da fé do povo cristão.

Para a formulação do dogma da Trindade, a Igreja teve de desenvolver uma terminologia própria recorrendo a noções de origem filosófica: "substância", "pessoa" ou "hipóstase", "relação", etc. Ao fazer isto, não submeteu a fé a uma sabedoria humana senão que imprimiu um sentido novo, inaudito, a esses termos, chamados a significar a partir daí também um Mistério inefável, que "supera infinitamente tudo o que nós podemos compreender dentro do limite humano" (Paulo VI, SPF 2).

A Igreja utiliza o termo "substância" (traduzido também, às vezes, por "essência" ou por "natureza") para designar o ser divino em sua unidade; o termo "pessoa" ou "hipóstase" para designar o Padre, o Filho e o Espírito Santo na sua distinção real entre si, e o termo "relação" para designar o fato de a distinção entre eles residir na referência de uns aos outros.

O DOGMA DA SANTÍSSIMA TRINDADEPDFImprimirE-mail

A Trindade é Una. Não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: "a Trindade consubstancial" (Cc. Constantinopla II, ano 553: DS 421). As pessoas divinas não se dividem entre si a única divindade, mas cada uma delas é Deus por inteiro: "O Pai é aquilo que é o Filho, o Filho é aquilo que é o Pai, o Espírito Santo é aquilo que são o Pai e o Filho, isto é, um só Deus quanto à natureza” (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 530). "Cada uma das três pessoas é esta realidade, isto é, a substância, a essência ou a natureza divina" (Cc. de Latrão IV, ano 1215: DS 804).

As pessoas divinas são realmente distintas entre si. "Deus é único, mas não solitário" (Fides Damasi: DS 71). "Pai", "Filho”, Espírito Santo" não são simplesmente nomes que designam modalidades do ser divino, pois são realmente distintos entre si: "Aquele que é o Pai não é o Filho, e aquele que é o Filho não é o Pai, nem o Espírito Santo é aquele que é o Pai ou o Filho" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 530). São distintos entre si pelas suas relações de origem: "É o Pai que gera, o Filho que é gerado, o Espírito Santo que procede" (Cc. Latrão IV, ano 1215: DS 804). A Unidade divina é Trina.

As pessoas divinas são relativas umas às outras. Por não dividir a unidade divina, a distinção real das pessoas entre si reside unicamente nas relações que as referem umas às outras; "Nos nomes relativos das pessoas, o Pai é referido ao Filho, o Filho ao Pai, o Espírito Santo aos dois; quando se fala destas três pessoas considerando as relações, crê-se todavia em uma só natureza ou substância" (Cc. de Toledo XI, ano 675: DS 528). Pois "todo é uno (neles) lá onde não se encontra a opsição de relação" (Cc. de Florença, ano 1442: DS 1330). "Por causa desta unidade, o Pai está todo inteiro no Filho, todo inteiro no Espírito Santo; o Filho está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Espírito Santo; o Espírito Santo está todo inteiro no Pai, todo inteiro no Filho" (Cc. de Florença 1442: DS 1331).

Aos Catecúmenos de Constantinopla, S. Gregório Nazianzeno, denominado também "o Teólogo", confia o seguinte resumo da fé trinitária: Antes de todas as coisas, conservai-me este bom depósito, pelo qual vivo e combato, com o qual quero morrer, que me faz suportar todo os males e desprezar todos os prazeres; refiro-me à profissão de fé no Pai e no Filho e no Espírito Santo. Eu vo-la confio hoje. É por ela que daqui a pouco vou mergulhar-vos na água e vos tirar dela.
Eu vo-la dou como companheira e dona de toda a vossa vida. Dou-vos uma só Divindade e Poder, que existe Una nos Três, e que contém os Três de uma maneira distinta. Divindade sem diferença de substância ou de natureza, sem grau superior que eleve ou grau inferior que rebaixe... A infinita conaturalidade é de três infinitos. Cada um considerado em si mesmo é Deus todo inteiro... Deus os Três considerados juntos. Nem comecei a pensar na Unidade, e a Trindade me banha em seu esplendor. Nem comecei a pensar na Trindade, e a unidade toma conta de mim (0r. 40,41: PG 36,417)

O PROCESSO CIENTÍFICO IMPLICA EM UM DECLIVE RELIGIOSO?PDFImprimirE-mail
A Idade Moderna começou por cultivar insistentemente as questões de método. Bacon, Descartes e Spinoza, por exemplo, concentraram a sua filosofia em torno da busca de um método rigoroso que lhes permitisse chegar à certeza e assentar a vida sobre convicções sólidas, inquebrantáveis, inexpugnáveis. Como as ciências avançam sobre dados seguros e conferidos, verificados pela experiência, foram surgindo pensadores convencidos de que, sempre que a ciência descobria um segredo, a religião dava um passo atrás. Parecia-lhes que o progresso da ciência reduzia inexoravelmente o domínio do religioso, cada dia mais confinado. Em contraposição ao que consideravam o crédulo espírito medieval, o homem moderno haveria de encontrar, apenas com a força da sua razão, um método sem fendas. E o grande modelo do pensamento autêntico era, para eles, o saber matemático.

Se se trabalha com a devida lógica, articulando bem os diversos passos do raciocínio – afirmavam -, chega-se em matemática a conclusões apodícticas, inquestionáveis. A ordem no raciocínio torna-se a chave do pensamento e do conhecimento retos. E essa ordem é estabelecida pela razão, pois a razão é o grande privilégio do homem. Por esse caminho – acabavam por concluir -, o homem basta-se a si mesmo, já que a razão lhe oferece recursos de sobra para descobrir as leis da realidade e conseguir um rápido domínio sobre ela. Mas de novo a passagem do tempo veio mostrar como esse domínio só é possível em termos quantitativos, naquilo que pode submeter-se a cálculo e medida. Mas o espírito escapa ao método matemático e à lógica cartesiana. Ao possibilitar a opção livre, o espírito torna possíveis muitas coisas que denunciam a insuficiência do modelo racionalista. Poderiam citar-se muitos exemplos. 

Um dos mais característicos é a tentativa racionalista de explicar a inteligência humana. É difícil saber exatamente o que é o pensamento, mas, se eu reduzo o problema a uma questão de neurônios, posso conseguir uma tranqüilizadora impressão de exatidão: 1.350 gramas de cérebro humano, constituído por 100.000 milhões de neurônios, cada um dos quais forma entre 1.000 e 10.000 sinapses e recebe a informação que lhe chega dos olhos através de 1.000.000 de axônios acumulados no nervo ótico. Por sua vez, cada célula viva pode ser explicada pela química orgânica....Deste modo, posso pretender explicar a inteligência num plano biológico, a biologia em termos de processos químicos e a química em forma de matemática. Pois bem, qualquer leitor medianamente crítico perguntar-se-á o que têm a ver as porcentagens de carbono e hidrogênio, os neurônios e toda a matemática associada a esses processos, com algo tão humano e tão pouco matemático como conversar, entender uma piada, captar um olhar de carinho ou compreender o sentido da justiça.

A ciência moderna, com as suas descobertas maravilhosas, com as suas leis de uma exatidão assombrosa, oferece a tentação – um empenho que se deu em Descartes com uma força irresistível – de querer conhecer toda a realidade com uma exatidão matemática. Mas costuma-se esquecer algo essencial: que a matemática é exata à custa de considerar unicamente os aspectos quantificáveis da realidade. E reduzir toda a realidade ao quantificável é uma notável simplificação, é um reducionismo. Poderíamos replicar como aquele velho professor universitário, quando um aluno fazia alguma afirmação reducionista: “Isso é como se eu lhe perguntasse o que é esta mesa, e você me respondesse: cento e cinqüenta quilos”.

As grandezas matemáticas prestaram e prestarão um grande serviço à ciência, e à humanidade no seu conjunto, mas sempre prestaram um péssimo serviço quando se quis empregá-las de um modo exclusivista. A totalidade do real nunca poderá ser expressa só em cifras, porque as cifras expressam unicamente grandezas e a grandeza é apenas uma parte da realidade. E não é questão de dar mais números ou com mais decimais. Por muitos ou muito exatos que sejam, oferecem sempre um conhecimento notoriamente insuficiente. Você pesa 70 quilos, mas não é 70 quilos. E mede 1,83 metros, mas não é 1,83 metros. As duas medidas são exatas, mas você é muito mais que uma soma exata de centímetros e quilos. As suas dimensões mais genuínas não são quantificáveis: não podem ser determinadas numericamente as suas responsabilidades, a sua liberdade real, a sua capacidade de amar, a sua simpatia por tal pessoa ou a sua vontade de ser feliz.

Não querer reconhecer uma realidade alegando que não pode ser medida experimentalmente, seria proceder mais ou menos como um químico que se negasse a admitir as propriedades especiais dos corpos radioativos, sob o pretexto de que não obedecem às mesmas leis que explicam o que acontece com os outros corpos já conhecidos. Acima da ciência há outra face da realidade: a mais importante, e também a mais interessante do ser humano, aquela em que aparecem aspectos tão pouco quantificáveis como, por exemplo, os sentimentos – não é possível pesá-los, mas nada pesa mais do que eles na vida. Um pensamento ou um sentimento não podem honestamente ser qualificados como materiais. Não têm cor, sabor ou extensão, e escapam a qualquer instrumento que sirva para medir propriedades físicas. “Os fenômenos mentais – afirma John Eccles, Prêmio Nobel de Neurocirurgia – transcendem claramente os fenômenos da fisiologia e da bioquímica”. 

“A ciência, apesar dos seus progressos incríveis – escreve o médico e pensador Gregório Maranón -, não pode nem poderá nunca explicar tudo. Cada vez ganhará mais terreno no campo daquilo que hoje parece inexplicável. Mas os limites fronteiriços do saber, por muito longe que cheguem, terão sempre pela frente um infinito mundo de mistério”.

FÍSICOS VOLTAM A ESTUDAR A IDADE DO SANTO SUDÁRIOPDFImprimirE-mail
A obsessão pela relíquia mais controversa da cristandade acaba de voltar aos laboratórios. Pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e do Turin Shroud Center, nos Estados Unidos, estão investigando a possibilidade de uma contaminação rara no Santo Sudário, a mortalha de linho que supostamente teria envolvido o corpo de Jesus Cristo após sua morte na cruz. Se tal contaminação ocorreu mesmo, a idade do Sudário estimada pela datação com carbono-14 -- apenas uns 700 anos, indicando que o pano é uma fraude medieval -- estaria incorreta. 

A nova bateria de testes é uma prova de como a imagem enigmática do Sudário continua fascinando cientistas e leigos, exatos 20 anos depois do suposto teste definitivo de sua autenticidade -- no qual a mortalha acabou não passando. E também mostra como é difícil um estudo objetivo do artefato: é quase impossível encontrar uma visão científica consensual sobre o pano, com acusações de má-fé feitas tanto por defensores quanto por detratores da relíquia. 

Caso se trate mesmo de uma falsificação, também não há uma explicação universalmente aceita de como ela teria sido criada. Um livro que acaba de chegar ao Brasil defende a tese de que se trata de uma espécie de fotografia primitiva, usando uma argumentação interessante, mas força a barra ao atribuir a obra a ninguém menos que o personagem favorito das teorias da conspiração, o gênio Leonardo da Vinci.

Carbono-14

O teste original da idade do Santo Sudário, hoje abrigado na Catedral de São João Batista em Turim (Itália), aparentemente seguiu à perfeição as exigências do método científico. Três grupos diferentes -- da Unidade de Acelerador de Radiocarbono de Oxford, da Universidade do Arizona (EUA) e do Instituto Federal de Tecnologia da Suíça -- receberam amostras da borda do pano, longe da imagem, e as submeteram à datação por carbono-14. 

Nesse tipo de teste, estuda-se o desaparecimento gradual dessa forma radioativa e instável de carbono. O carbono-14 é absorvido por todos os seres vivos -- inclusive as plantas usadas para fazer o linho do Sudário -- durante seu metabolismo. Quando morrem, todos possuem uma proporção parecida de carbono-14 em suas moléculas, e essa proporção decai a uma taxa fixa ao longo do tempo. Com isso, a idade de qualquer amostra de matéria orgânica pode ser estimada. 

Ora, os três laboratórios obtiveram resultado parecido: o pano teria sido tecido entre os anos 1260 e 1390, no final da Idade Média. No entanto, John Jackson, do Turin Shroud Center, propõe que o Sudário pode ter sido contaminado por monóxido de carbono (CO), uma molécula na qual o carbono-14 aparece em proporções anormalmente altas.

"Uma quantidade relativamente pequena de monóxido de carbono, equivalente a uns 2% do carbono no linho [do Sudário], seria o suficiente para alterar a idade da amostra em cerca de mil anos", declarou em comunicado oficial o diretor da Unidade de Acelerador de Radiocarbono de Oxford, Christopher Ramsay. "Estamos colaborando com a equipe de John Jackson para verificar as taxas de reação [do CO com o pano]."

Ramsay, no entanto, lembra que nenhuma amostra datada por carbono-14 até hoje apresentou esse tipo de problema, graças principalmente à pequena quantidade do monóxido de carbono na atmosfera. No entanto, Jackson aposta que o incêndio que quase destruiu o pano no século 16 poderia ter criado as condições necessárias para o suposto erro de datação. 

"A equipe de Jackson ainda não conseguiu replicar essas condições, mas continua sendo possível, embora não muito provável, que futuros experimentos comprovem a idéia deles", afirma Ramsay. Os laboratórios estão realizando experiências para tentar verificar se, em alguns contextos, a absorção maciça de CO pelo tecido acontece mesmo.

ESPECIALISTAS AFIRMAM QUE EXISTÊNCIA HISTÓRICA DE JESUS CRISTO É INQUESTIONÁVELPDFImprimirE-mail
Viciados em teorias da conspiração adoram a idéia: Jesus nunca teria existido. As histórias sobre sua vida, morte e ressurreição que chegaram até nós seriam mera colagem de antigos mitos egípcios e babilônicos, com pitadas do Antigo Testamento para dar aquele saborzinho judaico. Na prática, Cristo não seria mais real do que Osíris ou Baal, dois deuses mitológicos que também morreram e ressuscitaram.

No entanto, para a esmagadora maioria dos estudiosos, sejam eles homens de fé ou ateus, a tese não passa de bobagem. A figura de Jesus pode até ter “atraído” elementos de mitos antigos para sua história, mas temos uma quantidade razoável de informações historicamente confiáveis sobre ele, englobando pistas de fontes cristãs, judaicas e pagãs. 

De Paulo a Tácito 

Começamos, no Novo Testamento, com as cartas de São Paulo, escritas entre 20 anos e 30 anos após a crucificação do pregador de Nazaré. Cerca de 40 anos depois da morte de Jesus, surge o Evangelho de Marcos, o mais antigo da Bíblia; antes que o século 1 terminasse, os demais Evangelhos alcançaram a forma que conhecemos hoje. A distância temporal, em todos esses casos, é a mais ou menos a mesma que separava o historiador Heródoto da época da guerra entre gregos e persas, que aconteceu entre 490 a.C. e 479 a.C. – e ninguém sai por aí dizendo que Heródoto inventou Leônidas, o rei casca-grossa de Esparta. 

Outra fonte crucial é Flávio Josefo, autor da obra "Antigüidades Judaicas", também do século 1. O texto de Josefo sofreu interferências de copistas cristãos, mas é possível determinar sua forma original, bastante neutra: Jesus seria um “mestre”, responsável por “feitos extraordinários”, crucificado a mando de Pilatos, cujos seguidores ainda existiam, apesar disso. Duas décadas depois, o historiador romano Tácito conta a mesma história básica, precisando que Jesus tinha morrido na época de Pilatos e do imperador Tibério (duas referências que batem com o Novo Testamento). 

Esses dados mostram duas coisas: a historicidade de Jesus e também sua relativa desimportância diante das autoridades romanas e judaicas, como um profeta marginal num canto remoto e pobre do Império.

DIÁLOGO ENTRE FÉ E CIÊNCIA - UM DOS COMPROMISSOS DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DA PUC-PRPDFImprimirE-mail
Numa universidade católica e, mais ainda em se tratando de pontifícia, ciência, cultura, fé e vida caminham de braços dados. Essas quatro linhas não podem ser consideradas atividades separadas ou antagônicas, mas complementares, como recomenda o Papa João Paulo II. Aliás, o grande cientista Albert Einstein, de certa forma, pensava também assim, quando afirmou que “a religião sem a ciência é cega; a ciência sem a religião é manca”.

Na PUCPR, todos os professores recebem a Constituição Apostólica Ex Corde Ecclesiae, sobre as universidades católicas, e declaram, por escrito, que conhecem o seu teor e estão de acordo com as suas prescrições. O diálogo entre ciência e fé toma muitas formas e atividades na PUCPR: a atuação da Paróquia Universitária, a pastoral universitária dos estudantes e professores, os retiros espirituais, a pastoral da saúde nos hospitais, os seminários de estudos e debates, as atividades sociais e comunitárias. 

Como destaque, cito o “Projeto PUCPR Identidade”, que reúne grupos com cerca de 150 professores, funcionários e médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde, por áreas homogêneas de atividades, para refletir sobre as características e os princípios de uma universidade ou hospital católico e sua aplicação dentro da Instituição. É um tipo de “retiro acadêmico”, com duração de dois dias cheios. No ano de 2003, participaram do Projeto mais de 1000 pessoas, das cerca de 5000 que trabalham na Universidade e nos seus hospitais.

Basicamente, os compromissos de uma universidade católica são os mesmos de uma universidade pontifícia, quanto à obrigação que ambas assumem de respeitar os princípios e diretrizes da Igreja. O título de pontifícia corresponde a um reconhecimento oficial da universidade por parte da Sagrada Congregação para a Educação Católica, do Vaticano. Este título lhe confere, igualmente, um status internacional. Em conseqüência, os estatutos de uma universidade pontifícia precisam ser aprovados pelo Vaticano, como também deve ser aprovada a escolha do seu reitor. O arcebispo ou bispo da diocese é, em geral, o grão-chanceler de uma universidade pontifícia. Esta condição lhe outorga o direito e o dever de zelar pela ortodoxia do ensino no que se refere a questões de teologia. A PUCPR recebeu o título de Pontifícia em 6 de agosto de 1985. Foi a última universidade brasileira a receber este título. No país, existem 18 universidades católicas, das quais 6 são pontifícias. 

Lembro-me bem quando, em 1984, celebramos o jubileu de prata da Universidade, à época Universidade Católica do Paraná. O Núncio Apostólico do Brasil, Dom Carlo Furno, veio participar das comemorações. Impressionado com o grau de desenvolvimento da Universidade, da qualidade do seu ensino e do seu envolvimento social, perguntou-me se a Universidade era Pontifícia. Respondi que não; lembrei que o título é concedido pelo Vaticano, insinuando ao Núncio que ele, como embaixador do Papa, talvez pudesse fazer algo a respeito. Entendendo o recado, pediu-me para preparar um dossier; ele iria se interessar pelo assunto. 

No ano seguinte, o Núncio voltou a Curitiba trazendo o título de Pontifícia. As solenidades oficiais de entrega do título de Pontifícia à Universidade Católica do Paraná, juntamente com a inauguração da Capela e instalação da Paróquia Universitária Jesus Mestre, aconteceram no dia 8 de novembro de 1985, aprofundando, assim, ainda mais os laços de catolicidade da Universidade.

Em Curitiba os Irmãos Maristas se dedicam ao ensino universitário desde 1942, quando abriram a primeira Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. A finalidade era dar formação pedagógica aos irmãos que trabalhavam em escolas de 1.° e 2.° graus. A Faculdade também estava aberta aos leigos que passaram a freqüentá-la em número cada vez maior.

Em 1950, esta Faculdade foi cedida ao Governo para viabilizar a criação da Universidade Federal do Paraná. Neste mesmo ano, os Irmãos fundaram outra Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras que foi a origem da Universidade Católica. Em 1974, os Irmãos assumiram da Arquidiocese a propriedade e total responsabilidade sobre a Universidade e passaram a desenvolvê-la, iniciando a construção do campus Curitiba. (Clemente Ivo Juliatt
o)