quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A RESSURREIÇÃO de CRISTO
- A Sequência dos Fatos

A ressurreição do Senhor Jesus Cristo é o grande acontecimento histórico que forma o auge do Evangelho, sendo ela por isso um dos alicerces da fé cristã. Porém a história da ressurreição, como relatada pelos quatro evangelistas e referida no primeiro capítulo de Atos e em 1ª Coríntios 15, tem dado certa dificuldade por causa de algumas dessemelhanças nos fatos descritos pelos respectivos autores.
Por exemplo, Mateus e Marcos falam em um só anjo que anunciou às mulheres a ressurreição, enquanto Lucas menciona dois e João nenhum (senão que dois falaram, depois, a Maria Madalena). Mateus diz que "Maria Madalena e a outra Maria" foram ao sepulcro, Marcos menciona três, Lucas fala nessas três "e as demais que estavam com elas", mas João fala somente em Maria Madalena.
As mensagens dadas pelos anjos parecem diferentes.
Conforme Mateus, a primeira aparência do Senhor foi às mulheres (28.9), mas Marcos diz que apareceu primeiro a Maria Madalena, e João confirma isto. Marcos diz que Jesus "finalmente" apareceu aos discípulos "sentados à mesa", e depois de dar-lhes instruções, "foi recebido no céu"; Lucas diz que foram até Betania para a Ascensão, enquanto Mateus e João descrevem encontros na Galiléia e omitem a Ascensão.
Outrossim, em Mateus o Senhor dá a "grande comissão" na Galiléia, mas em Marcos e Lucas parece que foi dada em Jerusalém. Como se explica tanta diversidade?
É claro que Mateus, Marcos, Lucas e João não descrevem sempre os mesmos fatos; cada escritor escolhe, guiado pelo Espírito Santo somente alguns dentre os muitos acontecimentos daqueles quarenta dias maravilhosos. Há bastante matéria comum a todos, mas cada um menciona fatos omitidos pelos outros, e os escritores de Atos 1.1-12 e 1ª Co 15.4-7 acrescentam ainda um pouco mais. Sem dúvida, todos os seus trechos juntos nos dão bastantes provas da veracidade da ressurreição do Senhor.
Comparando muito cuidadosamente as afirmações dadas nos seis trechos, podemos resolver a ordem dos acontecimentos com bastante certeza. A seguinte solução se oferece, não como a única possível, mas pelo menos para mostrar que os relatórios bíblicos não são contraditórios mas sim, complementares uns aos outros, assim fornecendo, juntos uma história coerente e convincente daquela maravilhosa época. Eis, então, a ordem sugerida:
  1. Maria Madalena, outra Maria, Salomé e outras mulheres foram ao túmulo bem de madrugada. (A menção de uma pessoa não exclui, necessariamente, a presença de outras; compare Mt 8.28 com Mc 5.2 e Lc 8.27; também Mt 20.29 com Mc 10.46).
  2. Elas entraram no túmulo, vendo primeiramente um só anjo (o que tinha removido a pedra); este disse-lhes que Jesus ressuscitou e que encontraria os discípulos na Galiléia, assim como Ele tinha dito. Depois notaram que havia dois anjos, mas só um deles falou.
  3. Então todas elas voltaram a Jerusalém para informar os discípulos. Estes não creram; mas Maria Madalena falou particularmente a Pedro e João, os quais voltaram com ela para o túmulo, viram os lençóis e voltaram para casa Lc 24.12; Jo 20.3-10, deixando Maria ali no jardim. Dois anjos falaram com ela.
  4. Jesus apareceu a Maria Madalena, no jardim. Ela voltou a Jerusalém, e anunciou-o aos discípulos Mc 16.9; Jo 20.16-18.
  5. Jesus apareceu a outras mulheres na cidade, depois de terem dado a mensagem dos anjos aos discípulos; Ele as enviou para repetir a mensagem Mt 28.9-10.
  6. Jesus apareceu a Pedro Lc 24.34; 1ª Co 15.5.
  7. Jesus apareceu aos dois que iam a Emaús Mc 16.12; Lc 24.13-31.
  8. Na mesma tarde, apareceu aos "onze" (menos Tomé) e outros. Comeu na presença deles Mc 16.14; Lc 24.33-43; Jo 20.19-23.
  9. Oito dias depois, Ele apareceu aos "Doze", Tomé estando presente Jo 20.26-29; 1ª Co 15.5.
  10. Jesus apareceu aos discípulos na Galiléia ("a terceira vez"- Jo 21.14); sete foram pescar, mas os outros estavam presentes mais tarde. Receberam a Comissão: "Ide, fazei discípulos…". Depois, apareceu a "mais de 500 irmãos" Jo 21; Mt 28.16-20; 1ª Co 15.6.
  11. Apareceu a Tiago, na Galiléia ou em Jerusalém 1ª Co 15.6.
  12. Apareceu a todos os apóstolos, em Jerusalém, e deu-lhes as últimas instruções Mc 16.15-20; Lc 24.44-49; At 1.4-8. Foram até Betânia, num lado do Monte das Oliveiras, e subiu ao céu.
Note que, no No. 8, a palavra "finalmente" em Mc 16.4 se refere àquele mesmo dia (o da ressurreição) e não ao período todo. Também o grupo dos discípulos naquela tarde se chama "os onze" (em Marcos e Lucas) porque incluiu a Matias, reconhecido como um dos apóstolos em lugar de Judas Iscariotes (At 1.26). Pela mesma razão a reunião do domingo seguinte se chama "os Doze", o número sendo completo pela presença de Tomé e Matias.
Tal a harmonia das narrativas sagradas. Alguém poderá sugerir uma ordem diferente, mas creio que a proferida neste artigo satisfaz todas as referências bíblicas.
A Tua Palavra é a verdade desde o princípio" Salmo 119.160.

Richard Dawson Jones (1895 - 1987)

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO
- Sua Importância

É impossível exagerar a importância histórica da ressurreição de Jesus Cristo. Se apesar de todas as Sua palavras, profecias e promessas, Ele tivesse morrido e deixado somente uma memória fragrante, poderíamos honrá-Lo meramente como homem extremamente bom porém redondamente enganado, pois a Sua insistência em ser, Ele mesmo, o próprio Deus e a verdadeira Vida eterna, teria sido simples ilusão.
É perfeitamente lógico, então, que cristãos e anticristãos considerem a realidade, ou não, da ressurreição como base fundamental do cristianismo. Portanto, aqui vamos fazer três perguntas que devem ser respondidas por aqueles que rejeitam o fato histórico da ressurreição de Jesus Cristo.
  1. Que foi que mudou os primeiros discípulos? A Bíblia mostra-nos claramente que quase todos os discípulos de Jesus O abandonaram no desastre da Crucificação, e que depois, sem líder nem esperança, eles viviam com bastante medo e desespero. Porém, achamo-los, dentro de poucos dias, cheios de maravilhosa coragem e energia espiritual, desafiando o poder das autoridades judaicas e romanas. Eles proclamam abertamente que eles mesmos viram Jesus ressurrecto – não uma vez só, mas sim, diversas vezes – depois da Sua crucificação, e eles chamam todos os homens a crerem nEle como o verdadeiro Deus.
    Essa coragem deles não era somente momentânea. Era uma convicção constante e permanente, que surpreendia, embaraçava e enfurecia as autoridades durante muitos anos enquanto o movimento se espalhava pelo mundo de então. Sem dúvida alguma, os primeiros cristãos creram e proclamaram, que tinham visto e tocado a Jesus, e que tinham conversado com Ele, depois de ser crucificado e deixado num túmulo selado e guardado por soldados romanos.
  2. Se não ressuscitou, quem era Jesus de Nazaré? Muita gente que não tem lido os Evangelhos imagina que pode facilmente excluir destes a parte milagrosa (mormente a ressurreição) e ainda reter a Jesus como um Ideal – o "melhor ensinador religioso de todas as épocas", etc. Porém todos os quatro Evangelhos superabundam em asseverações da parte Dele, de ser Ele vindo do céu. De modo que é impossível chegarmos a outra conclusão senão que Ele Se apresenta a Si mesmo como Deus, falando com autoridade divina.
    Ora, se Ele assim cria e falava, mas não ressuscitou da morte, é claro que Ele era gravemente iludido, mentalmente doentio, e por isso não pode ser aceito como o "maior ensinador de todos os tempos"! Se de fato Jesus não ressuscitou, Ele mentiu em dizer-se o Filho de Deus; era uma pessoa enganadora e perigosa – mas, nesse caso, qual a explicação dos Seus ensinos maravilhosos, Seus milagres e Seu caráter impecável?…
  3. Como é que tantos cristãos sabem que Jesus está vivo hoje? Não se pode negar a experiência comum de cristãos de muitas nacionalidades durante 19 séculos. Milhares hoje têm certeza de que Aquele a quem servem é uma Personalidade viva, de quem podem obter recursos espirituais. Pedindo-Lho, recebem poder para vencer a tentação e para viver conforme a Palavra de Deus; recebem conforto no tempo da tristeza, coragem na tribulação, certeza da felicidade eterna. Tal poder espiritual é divino – nenhum filósofo ou ensinador meramente humano o possui; Camões não pode me dar o poder de escrever poesias, nem Caruso me fazer um bom cantor; porém, "posso todas as coisas por Cristo que me fortalece" (Fp 4.13). "Se alguém quiser fazer a vontade de Deus conhecerá a respeito da (minha) doutrina, se ela é de Deus ou se Eu falo por mim mesmo"… "A obra de Deus é esta, que creiais naquele que por Ele foi enviado" (Jo 7.17; 6.29). Os que aceitaram estas palavras sabem que Jesus Cristo vive!


Richard Dawson Jones (1895 - 1987

A CEIA DO SENHOR

Seu Propósito

As igrejas primitivas reuniam-se no primeiro dia da semana para a Ceia do Senhor (At 20.7), acompanhando-a com louvor, profecia, adoração, ensino bíblico e outras atividades espirituais (1ª Co 14).
Durante os séculos que seguiram, a observação da ceia se degenerou e a significação dela se perdeu no meio da idolatria e blasfêmia da missa. Todavia, desde a reforma do século XVI as igrejas evangélicas têm restaurado e mantido em geral, a importância e a pureza da Ceia; por tal fidelidade damos graças a Deus.
Por meio da Ceia, o Senhor Jesus deu ao Seu povo uma recordação simbólica, pela qual temos o privilégio de refrescar a memória, ter comunhão com Ele e mostrar confiança na Sua volta.
O Novo Testamento não dá ritual nem procedimento fixo para esta reunião. Em 1ª Co 11.23-29 nada se diz de louvor, de hinos, de adoração ou de leitura das Escrituras; o essencial é que se recorde do Senhor, cada um participando do pão e do cálice como Ele mesmo ordenou. Não há lei exigindo que a Ceia se observe somente no domingo, e a Bíblia nunca a chama "festa" – palavra descritiva de certas instituições judaicas.
O motivo da Ceia é a recordação do Senhor, porém muitas vezes Ele é o ultimo a ser recordado. Há discursos sobre a gloriosa posição dos crentes, e longas "ações de graças" pelas muitíssimas bênçãos recebidas por eles; mas a recordação devia ser de Cristo na Sua perfeição – a maravilha da Sua encarnação e da Sua vida imaculada, o valor (para Deus e para os homens) da Sua morte expiatória, a glória da Sua ressurreição e exaltação, a suficiência do Seu ministério sacerdotal, e a esperança da Sua volta e do Seu reino eterno.
É Cristo mesmo e não nós e as nossas bênçãos que deviam encher os nossos pensamentos e ser o centro da nossa adoração. Há tantos trechos bíblicos que devem ser empregados para demonstrar o valor do nosso Salvador, mas em muitas reuniões da Ceia somente os mesmos dois ou três trechos são lidos semana após semana. A Bíblia consiste em muito mais do que Isaías 53 e Hebreus 10. 19-22...
A Ceia oferece oportunidade para adoração coletiva, fruto da meditação espiritual que nos conduz à verdadeira adoração ao Pai e ao Filho. Não precisamos ocupar muito tempo na contemplação do "nosso passado negro e triste"; o adorador, purificado pelo sangue, deixou pra trás os seus pecados, sabendo que Deus "Se esqueceu deles" (Is 44.22).
O Pai procura adoradores, e o nosso privilégio é exatamente esse – o de adorar. Sem dúvida, a Ceia não é a única ocasião em que adoramos "em espírito e em verdade", ou "entramos no santuário", pois estas frases não se referem primariamente a reuniões e, sim, à atitude constante de adoração e comunhão que deve caracterizar o crente. Contudo, na Ceia a adoração e o ministério sacerdotal do Povo de Deus podem ser amplamente exercitados.
Quando na Ceia , somos dirigidos pelo Espírito Santo (como devíamos ser em qualquer outra reunião e em tudo em nossa vida), nela reinam a ordem e a decência: ordem espiritual nos hinos, nas orações e na exposição (ou simples leitura) das Escrituras; reverência demonstrada pela chegada de todos os crentes antes da hora de começar.
A "liberdade" para ensinar, exortar, etc., não deve ser abusada pela "exibição" da parte de alguns que sem a devida competência insistem em ministrar a Palavra, nem tampouco deve essa "liberdade" ser sufocada pela preguiça de outros que não se preparam para tomar a parte que lhes compete.
"TU ÉS O IMÃ" - Essas palavras encontram-se na terceira estrofe do belíssimo hino de J.I. Freire, de n. 580 no hinário "Hinos e Cânticos"; a linha inteira diz: "Tu és o imã que nos atrai" – referindo-se sem dúvida às palavras do Senhor Jesus Cristo quando, falando aos judeus com respeito à Sua morte, Ele disse: "Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim" (Jo 13.32).
A figura do imã, empregada pelo autor do hino, aptamente descreve a poderosa atração que o Senhor Jesus exerce para com o coração do crente – ou por melhor dizer, para com os corações dos crentes unidos como o Seu rebanho, com referência especial à Ceia do Senhor. Ali, atraídos e comovidos pela recordação do Seu amor, sentimo-nos impelidos ao louvor e a adoração.
Que é um imã afinal? Consiste num pedaço de metal, geralmente ferro ou aço, que tem propriedade magnética – isto é, atrai para si outros objetos metálicos. Este poder de atração quase irresistível, faz com que o magneto, ou imã, se empregue de várias maneiras: há breques magnéticos, guindastes magnéticos, etc., e a bússola marítima depende do fato interessante que a agulha magnetizada quando livre, sempre vira para o norte, isto é, para o pólo magnético da terá, pois a nossa terra mesma é como um enorme imã, atraindo todos os objetos para si.
Diz Jesus: "Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a Mim". A morte, ressurreição e ascensão do Filho de Deus condenaria o mundo, seria a derrota de Satanás, e todos os homens teriam que "pensar de Cristo" (Mt 22.42), ou para salvação ou para condenação.
Mesmo depois de quase dois mil anos, os homens não cessam de meditar, falar, discutir e escrever sobre aquela maravilhosa Pessoa cuja morte é a grande prova do grande amor de Deus para com eles (Rm 5.8), e cuja ressurreição assegura a eterna justificação dos que Nele crêem (Rm 4.25). A neutralidade é impossível. A mensagem do Evangelho obriga-os a resolver, pela recepção ou pela rejeição de Cristo, o seu destino eterno – "a morte para morte, ou vida para vida" (2ª Co 2.16); todos são atraídos para Ele.
Porém, para nós os que cremos Nele e O conhecemos como Senhor e Guia, o Filho de Deus é, de maneira muito mais íntima, o imã que nos atrai para Si, a fim de gozarmos uma comunhão permanente e cada vez mais perfeita com o Pai e com o Filho (1ª. Jo 1.3).
Na Ceia, os dois símbolos sagrados nos falam da Sua morte por nós, da nossa comunhão com Ele na Sua morte, e da Sua presença conosco "todos os dias até a consumação do século". Será que o amor do Senhor verdadeiramente nos atrai nessa ocasião, fazendo os nossos corações "arder em nós" (Lc 243.32) para louvor e adoração?
Como discípulos e "amigos" Dele, ficamos cada vez mais atraídos pelas constantes provas do Seu amor e da Sua fidelidade para conosco, pelo crescente conhecimento da Sua Palavra, do Seu caráter, da Sua paciência e misericórdia para conosco. Quanto mais O conhecemos, tanto mais Ele Se mostra o verdadeiro IMÃ que nos atrai.
"Até que Ele venha" (1ª Co 11.26) – assim a igreja se lembra Dele na Ceia. E então?... Naquele último dia da igreja na terra, "o Senhor descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles... para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1ª Ts 4.16-17). O nosso IMÃ atrair-nos-á para Si, literalmente levando-nos para cima de todos os céus, para estarmos eternamente com o Senhor.
Finalmente, cumpramos sempre o motivo principal da Ceia – a recordação do Senhor, pois assim a Igreja "anuncia a morte do Senhor, até que Ele venha". "FAZEI isto, em memória de Mim". (Leia mais clicando aqui )

Richard Dawson Jones (1895 - 1987)

PROFECIAS E MISTÉRIOS

Recentemente houve grande publicidade, curiosidade e até esperança ou receio por causa de previsões do “fim do mundo” feitas por uma pessoa que se diz crente e estudante das Escrituras. Ele insiste no disparate de procurar calcular a data da volta de Cristo com base nas profecias bíblicas interpretadas pelos acontecimentos recentes e atuais, e proclamar o resultado das suas pesquisas como se fosse o que a Bíblia diz. Como suas previsões não se têm cumprido, ele e seus seguidores estão sendo agora ridicularizados, com prejuízo também do ensino bíblico, pois o povo em geral não sabe distinguir os falsos ensinadores.
Ele não foi o primeiro a fazer previsões desta ordem. Já em 1555 a.D o boticário prognosticador francês Michel de Nostredame, latinizado como “Nostradamus”, publicou seus escritos crípticos, e estes foram ligados pelos seus admiradores a dezenas de acontecimentos históricos, embora sua linguagem seja habilmente absconsa em sua totalidade. Um texto dele se tornou famoso por suas sugestões apocalípticas: “No ano 1999 e sete meses, descerá do céu o grande rei do terror” e isto não aconteceu, para alívio de muita gente...
Um pregador batista chamado Miller, nos EUA calculou pelos seus estudos bíblicos que o mundo terminaria em 1843 com a vinda de Jesus Cristo. Convenceu muita gente, mas recusou fixar uma data definida, dizendo apenas que seria entre 21 de março de 1843 e a mesma data em 1844. Não ocorrendo o previsto, ele mudou a data para 22 de outubro de 1844. Esta data passou a ser conhecida como o dia do Grande Desapontamento. Miller morreu em 1849, ainda convencido que o dia de julgamento estava prestes a chegar. Foi um dos fundadores da seita dos adventistas.
Houve muitos outros, que não temos espaço para relatar aqui. Para nós não é surpresa o surgimento dessas profecias, interpretações errôneas e “outros evangelhos”, pois são previstos nas Escrituras, e é interessante ver que a maioria dos textos concernentes à segunda vinda do Senhor Jesus também estão acompanhados por prevenções sobre falsas profecias, por exemplo:
• “Nesse tempo... hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos” (Mateus 24:11).
• “Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis. Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos. Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo” (Marcos 13:21-23).
• “Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras... e muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita” (2 Pedro 2:1-3).
É especialmente errôneo procurar marcar datas no calendário para os acontecimentos previstos, pois, como disse o próprio Senhor Jesus aos Seus discípulos: "A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua própria autoridade" (Atos 1:7). Qualquer "dedução", por mais verossímil que pareça ser, frente a algum versículo das profecias bíblicas, é mero "palpite" ou pior, "adivinhação" como a Bíblia ensina em Jeremias 14:14 "E disse-me o Senhor: Os profetas profetizam mentiras em meu nome; não os enviei, nem lhes dei ordem, nem lhes falei. Visão falsa, adivinhação, vaidade e o engano do seu coração é o que eles vos profetizam".
Embora esses que dizem ser intérpretes das Escrituras afirmem que não estão introduzindo novas profecias porque se baseiam no texto sagrado, o fato é que estão dando a elas uma interpretação toda nova que só eles compreendem. A Bíblia nos ensina: “...nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:20,21).
A Bíblia também nos ensina como testar se alguém é profeta de Deus: “Mas o profeta que tiver a presunção de falar em meu nome alguma palavra que eu não tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá. E, se disseres no teu coração: Como conheceremos qual seja a palavra que o Senhor falou? Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás.” (Deuteronômio 18:20-22). Deus não pode errar. Se uma profecia (ou interpretação de uma profecia) for dada por Deus, ela se cumprirá. Se não, o profeta (ou o intérprete) é falso. Ele é anátema, maldito (Gálatas 1:9), pois está ensinando um Evangelho que não é o que nos foi dado “...os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo” (2 Coríntios 11:13).
Contudo, Deus não nos deixou ignorantes a respeito do “fim dos tempos” havendo várias profecias na Bíblia e indicações que é uma realidade dentro da Sua soberana programação. A maioria das profecias do Velho Testamento têm muitos detalhes, especialmente no que concerne ao povo de Israel. No Velho Testamento, destacam-se, pelo seu volume, as profecias de Isaías, Jeremias e Daniel. Através de Daniel (uns 2.500 anos atrás) somos avisados da sequência e duração de alguns eventos, a maioria dos quais já aconteceram, mas os últimos ainda estão no futuro para nós. O Novo Testamento também os tem, especialmente no livro da Revelação de Jesus Cristo, que é nossa suprema autoridade.
Nosso Deus, soberano, sabe tudo o que há de vir. Pela Sua graça, Ele nos dá a conhecer pela Sua Palavra aquilo que nos convém e o faz de maneira clara para que o possamos compreender quando o Espírito Santo abre as nossas mentes. A palavra “segredo”, que também é traduzida como “mistério”, aparece 6 vezes (caldeu râz) no livro de Daniel, e em grego 21 vezes (mustêrion) no Novo Testamento, sendo uma vez pronunciada pelo Senhor Jesus em Marcos 4:11, duas vezes no Apocalipse, e o restante em epístolas do apóstolo Paulo aos romanos, coríntios, efésios, colossenses e a Timóteo. Sempre se refere à revelação por Deus ao Seu povo, na hora apropriada, de coisas que só são do Seu conhecimento.
Em Daniel 12, por exemplo, quando perguntou “quanto tempo haverá até o fim destas maravilhas..., Senhor meu, qual será o fim destas coisas?” a resposta foi: “Vai-te, Daniel, porque estas palavras estão cerradas e seladas até o tempo do fim”. A futura existência da igreja de Cristo, em um período de cerca de dois milênios, pelo menos, não lhe foi revelada, sendo um “mistério” divulgado pelo Senhor Jesus por parábolas (Marcos 4:11) e esclarecido por Paulo em suas epístolas (Romanos 11:25, 16:25, 1 Coríntios 2:7, Efésios 1:9, 3:3,4,9, 5:32, 6:19, Colossenses 1:26,27, 2:2, 4:3, 1 Timóteo 3:9). Em vão vamos procurar encontrar profecias a respeito da igreja no Velho Testamento, pois era um “mistério” ainda não revelado, embora possamos encontrar certos paralelos, como a escolha da noiva de Isaque, figuras daquilo que somente Deus sabia que iria ocorrer.
Outros dois grandes mistérios que nunca antes foram revelados também foram transmitidos à igreja através do apóstolo Paulo: o arrebatamento da igreja (1 Coríntios 15:51, 1 Tessalonicenses 4:13-17) pelo Senhor Jesus Cristo, e a detenção da ação do “iníquo” (2 Tessalonicenses 2:7). Lamentavelmente muitos crentes não têm dado a importância devida a estas revelações e continuam com uma ideia muito vaga a respeito deles, e, portanto, do último período de sete anos da profecia de Daniel (Daniel 9:26) descrito em detalhes no livro do Apocalipse.
Em vista disso, não sabem explicar como encaixar o período da igreja nas profecias do Velho Testamento (impossível, pois não fora revelado ainda), o arrebatamento da igreja previsto pelo Senhor Jesus (João 14:3), a grande tribulação, também prevista por Ele (p.ex. Mateus 24:21-29, Marcos 13:19-24) e quase todo o Apocalipse que nos fala do Dia do Senhor, que Ele nos esclareceu através de João, bem como o “milênio” que é descrito com detalhes nas profecias do Velho Testamento, e também é mencionado no Apocalipse.
Isto é muito lamentável, pois o que Deus nos revela em Sua Palavra não é mais mistério, e sim realidade. Não deve ser considerado como simples fábulas, ditos ainda misteriosos que as mentes mais esclarecidas poderiam transformar em aplicações espirituais aos tempos em que vivemos. É o que fazem os falsos ensinadores, que devem ser rechaçados das igrejas.
O “fim do mundo”, ou melhor, a sua substituição por um novo mundo, céu e terra, certamente está previsto nas Escrituras, mas, segundo nos é explicado no Apocalipse, isto só se dará depois do arrebatamento da igreja, da grande tribulação, e do reino milenar de Cristo (Isaías 65:17, 66:22, 2 Pedro 3:13, Apocalipse 21:1).
Só Deus sabe o futuro, e já nos revelou tudo o que nos compete saber em Sua Palavra (Apocalipse 22:18-19). A Sua Palavra é firme e confiável, e deve ser a luz que nos guia os passos. O que sabemos do futuro, nos foi dado saber por Ele para a nossa instrução e fortalecimento da nossa fé. Os que estiverem aqui durante o período da tribulação e se converterem, terão a consolação de saber que Deus está em controle, e que será de curta duração. Saberão também que, se forem mortos por causa da Palavra de Deus e por causa do testemunho que derem, receberão a bênção de Deus (Apocalipse 6:9-11, 14:13).
Nós, porém, que somos da igreja de Cristo, temos “pátria nos céus, donde também aguardamos um Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o corpo da nossa humilhação, para ser conforme ao corpo da sua glória, segundo o seu eficaz poder de até sujeitar a si todas as coisas” (Filipenses 3:20,21), e seremos levados por Ele ao lugar preparado para nós na casa do Pai (João 14:2,3).

R David Jones

CATÁSTROFES

Como pode um Deus de amor permitir uma catástrofe?

Inevitavelmente, essa é a pergunta que é feita tanto pelos que crêem na existência do Deus criador, como pelos incrédulos ateus, quando há um acontecimento desastroso de grandes proporções, geralmente relacionado a fenômenos naturais, provocando morte e destruição. Aqueles porque procuram uma justificativa nobre para o acontecimento, estes para desafiarem a existência de um Ser superior.
Novamente a pergunta surgiu nestes dias quando um “tsunami” gigantesco se levantou nos mares do oceano Índico, devastando o litoral de vários países asiáticos com perda de vida humana acima de 280.000, segundo os últimos cálculos.
Procura-se uma causa de ordem natural para a catástrofe, que vai satisfazer ao incrédulo. A causa natural para esse “tsunami” já foi encontrada e explicada pelos geólogos: devido a um movimento de camadas da crosta terrestre sujeitas a grande pressão no fundo do mar, houve um maremoto com força equivalente a um milhão de bombas atômicas do tipo lançado sobre Hiroshima no fim da última grande guerra. Dizem que teve efeito até sobre a rotação do globo terrestre.
Já o crente procura uma razão superior, pois a Bíblia diz “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.” (Mateus 10:29-31). E o incrédulo diz: “se Deus é assim Todo-Poderoso e cheio de amor, porque então permite tanto sofrimento e morte?”.
Foi Deus quem criou o universo, e as leis naturais também. A lei natural que chamamos de “gravidade” pode produzir a morte de um passarinho, de mínimo valor para nós; também a lei natural segundo a qual uma pressão crescente entre camadas da crosta terrestre resulta em terremoto, e maremoto, pode causar grande morte humana e destruição, de muito valor para nós. Ambas as leis foram criadas por Deus.
Ficamos impressionados com a violência das catástrofes espetaculares, pois fogem da nossa experiência rotineira. No entanto, diariamente, centenas de milhares de pessoas estão morrendo pelo mundo afora - de todas idades, a partir dos recém-nascidos até os mais velhos. Muitos sofrem de enfermidades bem mais dolorosas do que um repentino afogamento. Poderíamos perguntar então por que Deus permite qualquer sofrimento e morte do ser humano? Mesmo se todos gozassem de boa saúde e nunca morressem, salvo um só, isto não seria falta de amor?
A resposta é simples e clara, e se encontra bem no início da Bíblia, no capítulo 3 de Gênesis. Deus havia criado um mundo perfeito, bom aos Seus olhos. O sofrimento e a morte surgiram mais tarde, por causa da rebeldia do ser humano contra Deus. Quando procuramos entender as coisas a partir do ponto de vista divino (se é que isso é possível), vemos que não há qualquer injustiça na morte de qualquer um de nós, sejam quais forem as circunstâncias.
Deus é soberano e não é possível ao ser humano fazer qualquer julgamento a respeito das suas ações. Jó, que Deus qualificou de “irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal” (Jó 1:8), sofreu pessoalmente uma catástrofe atrás da outra, perdendo todos os seus bens, seus filhos e ainda ficando com uma dolorosa enfermidade. Seus amigos vieram para acusá-lo de estar sendo castigado por más ações que teria feito. Ele, sabendo que era inocente, se lamentava de não poder discutir a aparente injustiça da sua situação frente a frente com Deus. Finalmente Deus mostrou a Jó a Sua suprema sabedoria e Jó, humilhado, se calou ante a grandeza de Deus. Ele reconheceu a soberania de Deus e a sua total incapacidade de entender as coisas (Jó 41:2-3).
Lemos em Lucas 13:1-5 sobre duas catástrofes quando o Senhor Jesus estava na terra, resultando em mortes. Muitos poderiam pensar que as vítimas foram mortas por serem mais pecadoras ou mais culpadas do que os demais, mas Ele esclareceu que não era assim: quem não se arrependesse “pereceria” de igual modo.
O homem é um ser composto de corpo, alma e espírito. Por causa do seu pecado, o corpo está destinado a se corromper e morrer, e sua alma e espírito permanecem por toda a eternidade, em sofrimento, longe de Deus: isto é “perecer”, como Ele dizia.
Deus é misericordioso e longânimo (2 Pedro 3:9). Ele demonstrou Seu amor pela humanidade que havia criado, agora rebelde, dando Seu Filho para vir até aqui e sofrer a agonia e morte da cruz a fim de que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. A vida eterna é conhecer o Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem Ele enviou (João 17:3). O crente já tem a vida eterna e, embora seu corpo passe pela morte, ele será ressuscitado com novo corpo glorioso “no último dia” (João 6:40).
Esta é a grande demonstração do amor de Deus, muito superior ao simples alívio do sofrimento e morte em nossa passageira vida aqui na terra. A vida eterna é concedida gratuitamente e sem reservas a todo aquele que crê em Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo.
A terra foi maldita por Deus em virtude da desobediência do homem, e enfermidades, tragédias e catástrofes são conseqüências. Mas um dia a maldição será retirada e não haverá maldição nenhuma (Apocalipse 22:2). Isto acontecerá no futuro, dentro da agenda divina.
Aos seus filhos, Deus não promete livramento das aflições e da morte aqui no mundo. Mas de uma coisa estamos certos: nenhum de nós morre “antes do seu tempo”. Deus nos dá oportunidade de serviço enquanto estamos aqui, e nos leva para o Seu lar apenas quando Lhe convém.
Soubemos de casos notáveis no episódio deste último “tsunami”:
  • O irmão Peter Ferry, que trabalhou por muitos anos como missionário nas regiões mais atingidas, contou que em duas vilas de pescadores na Tailândia, onde há uma igreja e um ponto de pregação, os crentes perderam grande parte dos seus bens materiais; mas Deus preservou a vida de todos os crentes conhecidos por ele, mesmo os que trabalham no setor turístico de Phuket, em hotéis e restaurantes que foram duramente atingidos.
  •  As crianças de um orfanato cristão no litoral de Sri Lanka, agrupadas numa reunião de oração, e os adultos que estavam com elas, tiveram tempo de se abrigar num barco de fibra de vidro que lhes fora doado por uma igreja do Reino Unido, e escaparam incólumes enquanto que o orfanato e tudo que ele continha foi arrasado.
  • Duas irmãs hospedadas num dos hotéis destruídos haviam ido a uma reunião dominical numa igreja próxima, mas afastada do alcance da enchente, e nada sofreram.
Finalmente, a maioria da população das áreas atingidas pelo “tsunami” é de muçulmanos, muitos dos quais são da linha mais radical e têm perseguido de maneira selvagem, até chacinado, os cristãos que ali vivem. Oremos para que a Obra do Senhor nestas áreas seja fortalecida, e que esta catástrofe conduza pelo menos alguns dos que foram atingidos a procurar o Deus Verdadeiro para obter perdão dos seus pecados e a salvação da ira de Deus, mediante a fé no Seu Filho.

R David Jones

A TERCEIRA MORADA DE SATANÁS


Segundo Ezequiel 28:12b, quando Satanás foi criado, ele foi “o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura”. Séculos atrás surgiu uma tendência geral de representar Satanás como feio e medonho. A grande maioria das imagens e retratos de Satanás por escultores e artistas o mostra como uma criatura muito feia. Deve-se salientar que em nenhum lugar da Bíblia é essa a imagem de Satanás.  Nunca o vemos como um homem com chifres, rabo e vestido com roupa vermelha. Na verdade, segundo as Escrituras, de todos os seres criados ele foi o mais bonito, bem como o mais sábio.
Ainda segundo Ezequiel, Satanás foi nomeado querubim da guarda do trono de Deus, no monte santo de Deus, que era a mais alta posição que podia ser ocupada por uma de Suas criaturas. Com este evento, este ser era o maior de todos os seres criados, não só em sabedoria e beleza, mas também em poder e autoridade. Esta foi a sua primeira morada.
Satanás ostentava o seu resplendor cobrindo-se de toda pedra preciosa, e andando para cima e para baixo no meio das pedras ardentes no “Éden, jardim de Deus” conforme Ezequiel 28:14. “Éden” pode ser traduzido como “deleite” e é provavelmente nesse sentido que é usada aqui. A descrição no versículo anterior, indicando beleza de ordem mineral, não parece ser do mesmo jardim que Deus plantou para o uso de Adão. O “Éden” de Gênesis 2:8 é uma palavra muito antiga que pode também ser traduzida como “planície”. Segundo uma interpretação judaica o primeiro seria um “jardim mineral” e o segundo um “jardim vegetal”, plantado na terra mais tarde. O “jardim mineral do Éden” foi a segunda morada de Satanás.
A certa altura, orgulhoso por causa da sua beleza e com sua sabedoria corrompida pelo seu resplendor (Ezequiel 28:17 NVI), Satanás declarou “subirei ao céu... exaltarei o meu trono... no monte da congregação me assentarei... subirei acima das alturas das nuvens... e serei semelhante ao Altíssimo” (Isaías 14:12-14). Com esse propósito, liderou uma revolta contra a autoridade de Deus em que ele foi seguido por um terço de todos os anjos (Apocalipse 12:3-4). Desta forma a Estrela da Manhã (Isaías 14:12) tornou-se em Satanás, “o Adversário” ou “o Acusador”. O juízo de Deus não tardou a vir sobre ele (Ezequiel 28:16 NVI): perdeu sua primeira morada, que era a posição elevada como o guardião do trono de Deus: "Por isso eu o lancei, humilhado, para longe do monte de Deus". Depois perdeu a sua segunda morada, o privilégio que tinha em decorrência daquela posição: "e o expulsei, ó querubim guardião, do meio das pedras fulgurantes".
Em Efésios 2, Satanás é o príncipe das potestades do ar. Em Efésios 6, ele está nos lugares celestiais. Assim, a terceira e atual morada pode ser descrita como o céu atmosférico. Não está no inferno com os demônios, como contam as anedotas! Ele vive nos ares, ou na atmosfera, mas ainda tem acesso a duas outras localidades: o céu e a terra.
Ele ainda pode ir ao Céu e ficar de pé diante da presença de Deus para ser o acusador dos irmãos (Apocalipse 12: I0), como foi contra Jó (Jó 1:6, 2:1) e Israel (Zacarias 3:1). Quando um crente não confessa algum pecado, Satanás se põe de pé diante do trono de Deus Pai para acusá-lo. Por isso os crentes precisam do ministério de Cristo como seu Advogado. Sempre que Satanás vem acusá-los, o Senhor pode dizer: "Ponha o pecado na minha conta. Eu já paguei por esse pecado, quando morri por ele na cruz." Desta forma, o nosso Salvador ainda continua em ministério diante de Deus por nós. Por outro lado, os crentes têm a responsabilidade de ser cuidadosos para não dar motivos para que Satanás os acuse diante do Trono de Deus.
Satanás também tem acesso à terra. Ele ainda é o príncipe deste mundo (João 12:31). Ele ainda é o deus deste século (2 Coríntios 4:4) e é o príncipe de todos os reinos do mundo e pode oferecê-los a quem ele quer (Lucas 4:5-7). Quando ele usa a sua permissão de acesso à terra, ele o faz em uma de duas formas:
  1. Na forma de um leão que ruge (1 Pedro, 5:8). O objetivo de se apresentar como um leão que ruge é para destruição. Esta é a maneira em que Satanás frequentemente apareceu ao povo judeu ao longo da história judaica. Satanás age no princípio que "qualquer um que o Senhor ama, Satanás vai odiar". Através dos Profetas e do Novo Testamento Deus enunciou o Seu eterno amor para com o povo de Israel e, portanto, Satanás tem movido uma guerra perpétua contra os judeus, procurando destruí-los em todas as oportunidades possíveis. Satanás também apareceu como um leão que ruge à Igreja. Nos primeiros séculos da história da Igreja, Satanás usou o governo romano. Milhares de fiéis foram alimentados aos leões literais nas arenas de Roma. Como usou o governo romano para tentar acabar com a Igreja daquela época, ainda hoje nos países comunistas e nos países muçulmanos, entre outros, ele continua usando os governos para tentar acabar com os grupos de crentes que existem nesses países.
  2. Na forma de um anjo de luz (2 Coríntios 11:14). Nesta forma, o propósito de Satanás é o engano. A quinta resolução de Satanás foi "serei semelhante ao Altíssimo". Satanás já sabia que não podia ser o próprio Altíssimo, por isso decidiu apenas tornar-se semelhante a Ele. Assim, Satanás incitou um programa de falsidades para implementar um trabalho de decepção, mesmo entre os verdadeiros crentes, incentivando-os a se orientarem por experiência e cegando-os à sua necessidade de um estudo cuidadoso da Palavra de Deus. O programa de falsificação é realizado tanto contra os crentes (2 Coríntios 11:3) como contra os incrédulos (Apocalipse 20:3).
O objetivo de uma falsificação é fazer algo que se pareça o mais possível com o original. Uma nota falsa só terá sucesso se puder ser confundida com a verdadeira. Os investigadores policiais passam por um treinamento intensivo para conhecer uma nota verdadeira em seus menores detalhes, para que possam conferir com acerto as notas que lhes são apresentadas. As melhores falsificações ainda podem apresentar alguma falha, seja uma qualidade diferente de papel, tinta de outra espécie, alteração no desenho de algum pormenor obscuro da nota legítima, mas nunca é um defeito óbvio para quem não conhece a nota verdadeira.
Da mesma forma, o programa falsificado de Satanás se parece muito com o programa real de Deus contido nas páginas das Escrituras. O programa de Satanás não terá falhas óbvias em si próprio. Portanto, os crentes devem ser treinados nas Escrituras para serem capazes de discernir a diferença entre o real e o falsificado.
A natureza do programa falsificado é encontrada em 2 Coríntios 11:3-4... “Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo. Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais!”.
No versículo 4, Paulo rotulou três coisas com a palavra "outro": outro Jesus,[outro] espírito, [um] outro evangelho. Por causa da astúcia de Satanás os crentes de Corinto seriam capazes de suportar a pregação de um Jesus diferente do que aquele que Paulo pregava, outro espírito do que o que haviam recebido ou mesmo outro evangelho do que o que haviam abraçado. Não sabiam ainda distinguir o falso do verdadeiro.
Os versículos 13-14 do mesmo capítulo declaram: "Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz". Os que estavam propagando um falso Jesus foram claramente identificados por Paulo como falsos apóstolos, mas não se pareciam como tal porque "se disfarçavam" para parecer e soar como se fossem ministros reais de Cristo. Ao fazer isso, eles estavam refletindo o seu verdadeiro senhor, Satanás, o anjo das trevas, que se disfarça para aparecer como um anjo de luz. Faz parte integrante do programa falsificado propagar um Jesus que é muito semelhante ao Jesus do Novo Testamento, mas é uma falsificação tão bem feita que pode passar despercebida pelos crentes menos conhecedores da Palavra de Deus.  
Até onde o programa falsificado pode ser realizado é visto em Mateus 7:22-23..."Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitos milagres? Então eu lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!".
Deve-se observar atentamente o que eles são capazes de realizar em nome de um falso Senhor. Podem expulsar demônios, profetizar usando o nome de Cristo, realizar milagres como curas, entre outros. No entanto, o Senhor Jesus lhes dirá:“Nunca vos conheci”. A razão pela qual todas estas manifestações exteriores em si não provam nada é porque Satanás pode duplicar todas elas. O teste real nunca é a existência de manifestações exteriores. O verdadeiro teste é sempre o da conformidade com as Escrituras. O que está sendo dito, que está sendo feito e ensinado está em conformidade com os ensinamentos da Palavra escrita de Deus? Não temos outro teste pelo qual devemos julgar. Em nossos dias modernos quando há tanta ênfase no sensacional, na experiência e nos sentimentos, muitos crentes estão sendo apanhados em vários movimentos “superespirituais” por nenhuma outra razão além da existência de manifestações exteriores. Ao fazer isso, nunca amadurecem na fé ou produzem em si mesmos o tipo de fruto que Deus quer que os crentes produzam.
No meio do período da tribulação Satanás será precipitado sobre a terra (Apocalipse 12:9), sendo esta a sua quarta morada. Mas será amarrado e lançado na sua quinta morada, o abismo, depois da segunda vinda de Cristo (Apocalipse 20:1-3). Terminado o milênio ele será solto brevemente na terra e depois lançado na sua sexta e final morada, o lago de fogo e enxofre, onde será atormentado, dia e noite, com a besta e o falso profeta, pelos séculos dos séculos (Apocalipse 20:7-10).

R. David Jones

A SEGUNDA VINDA DO SENHOR

Além da certeza da salvação para todo crente em Cristo, encontramos na Bíblia um outro fato igualmente salientado: a segunda vinda do Senhor Jesus ao mundo. Esta segunda vinda é a grande esperança da igreja, trazendo a consumação de todas as promessas e a coroação de todo o trabalho evangélico.
"Esse Jesus que dentre vós foi recebido no céu, assim virá do modo como O vistes subir" (Atos 1.11). Aqui temos uma das muitas profecias bíblicas que tratam da segunda vinda do Senhor. Parece que esta vinda será em duas etapas – primeiramente para arrebatar ao céu a Sua Igreja (1ª Tessalonicenses 4.13-17), e depois para reinar pessoalmente sobre a terra como "Rei dos reis e Senhor dos senhores". Assim como foram cumpridas as profecias acerca da Sua encarnação, crucificação e ressurreição, assim também serão cumpridas perfeitamente as palavras a respeito da Sua segunda vinda, ainda futura.
Os problemas encarados hoje pelo mundo inteiro, só podem ser resolvidos pelo Seu glorioso aparecimento para reinar como Rei sobre esta terra.
Desmorona-se toda forma de governo. Desenvolve-se rapidamente o mistério da iniqüidade (2ª Tessalonicenses 2.7). O homem torna-se cada vez mais impotente contra o terrorismo, o crime e a violência. "Sobre a terra há angústia das nações em perplexidade" (Lucas 21.25).
Porém a Bíblia nos diz que virá um verdadeiro Governo, estabelecido e mantido pelo Cristo que o mundo rejeitou. Ele, sim, ocupará o trono do mundo inteiro, e será coroado Rei dos reis; todos os reinos da terra se tornarão o reino Dele (Apocalipse 11.15).
Malograram-se todos os esforços humanos para evitar guerras; a paz na terra só poderá realizar-se por meio do Homem que é o Príncipe da Paz (Isaías 9.6). Antes da volta Dele, não haverá paz, mas quando Cristo vier "as nações não mais aprenderão a fazer guerra". Ele tratará da pobreza, da injustiça e da opressão. A Sua volta em poder e grande glória é a única esperança de ter-se um mundo melhor. É uma esperança certa; não poderá falhar, pois é a promessa de Deus.
O Senhor Jesus voltará para reinar em justiça. Então, os problemas de nosso mundo pecaminoso e rebelde – guerra, ódio, injustiça, avareza, impureza, ignorância – serão resolvidos, mas não pelo esforço humano.
A segunda vinda do Senhor não é, como alguns pensam, a Sua conquista do mundo pelo Evangelho. Sem dúvida, as vitórias do Evangelho têm sido gloriosas, porém não são de modo algum universais e não representam o que a Bíblia diz da segunda vinda de Cristo ao mundo. Esta vinda será corporal, visível e gloriosa. "Todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e grande glória" (Mateus 24.30). A Sua volta será mais assombrosa que a Sua ressurreição, mais significante do que o batismo no Espírito Santo, mais assustadora do que a trasladação da igreja; este acontecimento – a trasladação – não é a segunda vinda do Senhor, mas sim o primeiro passo dessa vinda. Os que tiverem parte na trasladação (1 Tessalonicenses 4.16-17) serão manifestados com Cristo na Sua volta em glória (Colossenses 3.4; Jd 14; Ap 19.14; Zc 14.5).
É esta manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo que é a "bendita esperança" da igreja (Tito 2.13). Nesta segunda vinda do Senhor, será completada a "primeira ressurreição", que é a da vida (Apocalipse 20.5; João 5.29) e que inclui a do próprio Cristo (1 Coríntios 15.20), de "muitos corpos de santos" (Mateus 26.52-53), dos cristãos (1 Tessalonicenses 4.16) edos salvos que morrerão durante o período da grande tribulação (Apocalipse 20.4). Haverá juízo e condenação das nações vivas e rebeldes e o Senhor instituirá o Seu reino milenar na terra.
Pergunta-se freqüentemente: "Haverá período de sete anos entre a trasladação da igreja e a segunda vinda do Senhor?" A resposta é que a Bíblia não ensina tal coisa – nem sete anos, nem quarenta, nem três e meio, nem qualquer período definido.
Parece que haverá sim, um certo período de tempo entre a trasladação e a segunda vinda – o período chamado "Dia de Cristo" (Filipenses 1.6; 2 Coríntios 1.14) em que se realizará o "Tribunal de Cristo e de Deus" (Romanos 14.10; 2 Coríntios 5.10) – porém a duração deste período não está declarada na Bíblia; é assunto para investigação espiritual.
A segunda vinda do Senhor marcará o "fechamento da porta" para a salvação dos pecadores incrédulos (Lucas 13.25); até aquele momento "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Joel 2.32; Atos 2.21; Romanos 1.13). Isto não quer dizer que aqueles que rejeitam ou negligenciam a salvação hoje, terão oportunidade depois da trasladação – pois como sabem se viverão até a trasladação, ou mesmo até amanhã?…
Que é que significa para nós, o Seu povo, a segunda vinda do Senhor? Qual o seu efeito prático em nossa vida? "Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos como Ele é" (1 João 3.2). O primeiro efeito de tudo isto deve ser que "todo aquele que Nele tem esta esperança, purifica-se a si mesmo" (1 João 3.3).
A segunda vinda de Cristo deve incitar-nos à maior santidade, pois o grande motivo da nossa salvação é que sejamos puros de coração e de vida (Números 15.40; 1 Pedro 1.15-16). "Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor" (Hebreus 12.14).
Também a segunda vinda do Senhor deve dar-nos maior zelo em evangelizar os outros. Quantos há que ainda confiam em sua religião tradicional ou que nutrem idéias de aniquilação ou de reencarnação e não querem converter-se a Cristo! Além da morte, ou depois da Sua vinda, não haverá a menor possibilidade de salvação para os que rejeitaram o Evangelho. "Hoje é o dia da salvação" (2 Coríntios 6.2)
Fonte: site fatos Bíblicos

A mais antiga oração à Virgem Mãe de Deus!


 “À vossa proteção recorremos Santa Mãe de Deus. Não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita!” 
Esta é a mais antiga oração à Virgem Maria que se conhece. A origem se deve ao especialista em papirologia Edgar Label , da Universidade de Oxford, que dedicou a sua vida ao estudo de papiros encontrados no Egito. Estes papiros, conservados pelo clima seco do Egito são fonte de grandes descobertas, servindo para datar muitos textos antigos que foram conservados em cópias e traduções.
Um destes papiros, descoberto próximo da antiga cidade egípcia de Oxirrinco (foto acima), continha uma oração à Virgem, que ainda hoje se utiliza em várias liturgias, e é o texto mais antigo que se conhece com uma oração litúrgica dedicada a ela, e usada na liturgia de Natal da Igreja Copta até hoje.
Conhecida como “Sub Tuum Praesidium”, é escrita em grego, e foi escrita aproximadamente no ano 250 depois de Cristo. Ainda hoje é utilizada no Rito Bizantino nas igrejas ortodoxas do leste e nas igrejas católicas do leste, como hino final das Vésperas na Quaresma.
Na versão eslava o hino é também utilizado fora da Quaresma, e se acrescentou uma invocação: Santa Mãe de Deus salvai-nos.
No Rito Latino, da Igreja Católica, é usada como Antífona do Nunc Dimitis(do Canto de Simeão) nas Completas do Pequeno Ofício da Bem-aventurada Virgem Maria, e na Liturgia das Horas pode ser utilizada como Antífona Mariana ao final das Completas, fora do período da Páscoa.
A versão latina serviu de inspiração a muitos compositores, entre eles Antonio Salieri e Mozart.
Destaque-se o termo “Thetokos” (Mãe de Deus), que apesar de já ser utilizado nesta época do papiro ( 250da nossa era), só foi solenemente aceito no Concílio de Éfeso, dois séculos depois, contra o parecer de Nestório.
Impressiona que ainda hoje podemos orar com uma antiga oração dos primeiros cristãos dedicados à Virgem Maria, e seu texto recorda as perseguições da época, e por isso pede a proteção contra os perigos (em algumas línguas foi traduzido por “perseguições”, “tribulações”). É uma boa oração para rezarmos e nos lembrarmos dos que hoje são perseguidos por causa da fé, da justiça, etc.
Bibliografia: 

  • G. Giamberardini. “ Sub tuum praesidium” e il titulo Theotokos nellla tradizioni egiziana. En “ Marianum” 31( 1969) 350-351.

  • Stegmuller, O. “Sub Tuum Praesidium”. Bemerkungen zur altesten Uberlieferung. In “Zeitschrift fur kath. Teol.” 74(1952) 76-8

sábado, 21 de janeiro de 2012

Maria no documento de Aparecida

Apresentamos aqui uma síntese simplificada dos principais textos sobre Maria na Quinta Conferência dos Bispos da América Latina e Caribe, que aconteceu em Aparecida, em 2007. Os subtítulos são nossos, bem como a aproximação de temas semelhantes. É importante conhecer este documento, que orienta a caminhada da Igreja em nosso continente.

IntroduçãoCom a luz do Senhor ressuscitado e com a força do Espírito Santo, nós os bispos da América nos reunimos em Aparecida, Brasil, para celebrar a V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe (…) Maria , Mãe de Jesus Cristo e de seus discípulos, tem estado muito perto de nós, tem-nos acolhido, tem cuidado de nós e de nossos trabalhos, amparando-nos, como a João Diego e a nossos povos, na dobra de seu manto, sob sua maternal proteção. Temos pedido a ela, como mãe, perfeita discípula e pedagoga da evangelização, que nos ensine a ser filhos em seu Filho e a fazer o que Ele nos disser (cf. Jo 2,5).
(141) Maria é a imagem da conformação ao projeto trinitário que se cumpre em Cristo. Ela nos recorda que a beleza do ser humano está toda no vínculo do amor com a Trindade, e que a plenitude de nossa liberdade está na resposta positiva que lhe damos.

Leitura de Cenário: A religiosidade popular
(18) Em nossa cultura latino-americana e caribenha conhecemos o papel que a religiosidade popular desempenha, especialmente a devoção mariana, contribuindo para nos tornar mais conscientes de nossa comum condição de filhos de Deus e de nossa comum dignidade perante seus olhos.
(43) O Valor incomparável do ânimo mariano de nossa religiosidade popular reside em fundir as histórias latino-americanas diversas na mesma história compartilhada, que conduz a Cristo, Senhor da vida, em quem se realiza a plenitude da vocação humana.

Devoção Popular e Maria(261) A piedade popular penetra a existência pessoal de cada fiel. Nos diferentes momentos da luta cotidiana, muitos recorrem a algum pequeno sinal do amor de Deus: (..) um rosário, (..) um olhar a uma imagem querida de Maria...
(262) A fé encarnada na cultura pode penetrar cada vez mais nos nossos povos, se valorizarmos positivamente o que o Espírito Santo já semeou ali.
(262b) A piedade popular é um ponto de partida para conseguir que a fé do povo amadureça e se faça mais fecunda. É preciso ser sensível a ela, saber perceber suas dimensões interiores e seus valores inegáveis. É necessário evangelizá-la ou purificá-la, assumindo sua riqueza evangélica.
(262c) Desejamos que todos, reconhecendo o testemunho de Maria e dos santos, procurem imitá-los. Trata-se de intensificar o contato com a Bíblia, a participação nos sacramentos e o serviço do amor solidário. Assim se aproveitará o rico potencial de santidade e de justiça social que há na mística popular.
(265) Nossos povos, com sua religiosidade característica se agarram no imenso amor que Deus tem por eles e que lhes recorda permanentemente sua própria dignidade. Também encontram a ternura e o amor de Deus no rosto de Maria. Nela vem refletida a mensagem essencial do Evangelho.
Nossa Mãe querida, desde o santuário de Guadalupe, faz sentir a seus filhos menores que eles estão na dobra de seu manto. Agora, desde Aparecida, convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.
Evangelização inculturada(300) Deve-se dar uma catequese apropriada, que acompanhe a fé já presente na religiosidade popular. Como: oferecer um processo de iniciação cristã em visitas às famílias, que as conduza à prática da oração familiar, à leitura orante da Palavra de Deus e ao desenvolvimento das virtudes evangélicas.
(300b) É conveniente aproveitar pedagogicamente o potencial educativo da piedade popular mariana. Um caminho educativo que, cultivando o amor pessoal à Maria, educadora na fé, nos leva a nos assemelhar cada vez mais a Jesus Cristo, e provoque a apropriação progressiva de suas atitudes.

Maria: peregrina na fé(266) Maria é a máxima realização da existência cristã. Através de sua fé (Lc 1,45) e obediência à vontade de Deus (Lc 1,38), assim como por sua constante meditação da Palavra e das ações de Jesus (Lc 2,19.51), é a discípula mais perfeita do Senhor.
Interlocutora do Pai no projeto de enviar o verbo ao mundo para a salvação humana, com sua fé, Maria é o primeiro membro da comunidade dos crentes em Cristo e também a colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos.
Sua figura de mulher livre e forte emerge do Evangelho, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo.
Ela viveu toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e dos discípulos, na incompreensão e na busca constante do projeto do Pai.

Maria: mãe da Igreja
(267) Com Maria, chega o cumprimento da esperança dos pobres e do desejo de salvação.
- A Virgem de Nazaré teve uma missão única na história da salvação: concebeu, educou e acompanhou seu filho até a cruz.
- Desde a cruz Jesus Cristo confiou a seus discípulos, representados por João, o dom da maternidade de Maria, que nasce diretamente da hora pascal de Cristo (Jo 19,27).
- Perseverando junto aos apóstolos à espera do Espírito (cf. At 1,13-14), ela cooperou com o nascimento da Igreja missionária, imprimindo-lhe um selo mariano que a identifica profundamente.
- Como mãe, fortalece os vínculos fraternos entre todos, estimula a reconciliação e o perdão e ajuda os discípulos de Jesus Cristo a experimentarem como uma família, a família de Deus.
- Em Maria, encontramo-nos com Cristo, o Pai, o Espírito Santo e os irmãos.

Maria e a Igreja materna
(268) Como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar. Maria, Mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão. Um dos eventos fundamentais da Igreja é quando o “sim” brotou de Maria. Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e sua Igreja, como nos santuários marianos. Por isso, como Maria, a Igreja é mãe. Esta visão mariana da Igreja é o melhor remédio para uma Igreja meramente funcional ou burocrática.

Maria: missionária e irmã nossa
(269) Maria é a grande missionária, continuadora da missão de seu Filho e formadora de missionários.
- Ela, da mesma forma como deu à luz ao Salvador do mundo, trouxe o Evangelho a nossa América.
- Em Guadalupe, presidiu com João Diego o Pentecostes que nos abriu aos dons do Espírito. São incontáveis as comunidades que encontraram nela a inspiração para aprender a serem discípulos e missionários de Jesus.
- Ela tem feito parte do caminhar de nossos povos, entrando no tecido de sua história e acolhendo as ações mais significativas de sua gente.
- Os diversos nomes e os santuários espalhados por todo o Continente testemunham a presença de Maria próxima às pessoas e, ao mesmo tempo, manifestam a fé e a confiança que os devotos sentem por ela. Maria pertence a eles, que a sentem como mãe e irmã.

Maria: imagem do seguidor de Jesus
(270) Quando se enfatiza em nosso continente o discipulado e a missão, Maria brilha diante de nossos olhos como imagem acabada e fiel do seguimento de Cristo.
Esta é a hora da seguidora mais radical de Cristo, de seu magistério discipular e missionário.
Maria e a Palavra encarnada
(271) Maria, que “conservava todas estas recordações e meditava em seu coração” (Lc 2,19.51), ensina-nos o primado da escuta da Palavra na vida do discípulo e missionário.
O Magnificat está tecido pelos fios da Sagrada Escritura. Em Maria, a Palavra de Deus se encontra em sua casa, de onde sai e entra com naturalidade. Ela fala e pensa com a Palavra de Deus; a Palavra de Deus se faz a sua palavra e sua palavra nasce da Palavra de Deus.
Seus pensamentos estão em sintonia com os pensamentos de Deus, seu querer é um querer junto com Deus. Estando intimamente penetrada pela Palavra de Deus, ela chega a ser mãe da Palavra encarnada (JP2).

O rosário
(271b) Esta familiaridade com o mistério de Jesus é facilitada pela reza do Rosário, onde: “o povo cristão aprende de Maria a contemplar a beleza do rosto de Cristo e a experimentar a profundidade de seu amor. Mediante o Rosário, o cristão obtém abundantes graças, como recebendo-as das próprias mãos da mãe do Redentor”.

Maria e a solidariedade com os pobres
(272) Com os olhos em seus filhos, como em Caná da Galiléia, Maria ajuda a manter vivas as atitudes de atenção, de serviço, de entrega e de gratuidade nos discípulos de Jesus.
- Ela indica a pedagogia para que os pobres, em cada comunidade cristã, “sintam-se como em sua casa”. Cria comunhão e educa para um estilo de vida compartilhada e solidária, em fraternidade, em atenção e acolhida do outro, especialmente se é pobre ou necessitado.
- Em nossas comunidades, sua forte presença enriquece a dimensão materna da Igreja e a atitude acolhedora, que a converte em “casa e escola da comunhão” e em espaço espiritual que prepara para a missão.
(524) A Igreja de Deus na América latina e no Caribe é sacramento de comunhão de seus povos, (..) é casa dos pobres de Deus. Maria é a presença materna indispensável e decisiva na gestação de um povo de filhos e irmãos, de discípulos e missionários de Jesus.

Orando com Maria
(553) Ajude-nos a companhia de Maria sempre próxima, cheia de compreensão e ternura.
- Que ela nos mostre o fruto bendito de seu ventre e nos ensine a responder como ela fez, no mistério da anunciação e encarnação.
- Que nos ensine a sair de nós mesmos no caminho de sacrifício, de amor e serviço, como fez na visita a sua prima Isabel, para que, peregrinos no caminho, cantemos as maravilhas que Deus tem feito em nós, conforme a sua promessa.
(554) Guiados por Maria, fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé e dizemos a Ele (..): “Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já se declina” (Lc 24,29) (…) Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!
Ilustração: Ir. Anderson, msc.
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